domingo, 23 de novembro de 2014

AINDA É ELEVADO O ÍNDICE DE MULHERES HIV+ NO BRASIL: ESPECIALISTA ALERTA QUE EPIDEMIA NÃO ESTÁ CONTROLADA

Dos casos notificados de HIV+ em mulheres, 91,2% tem a transmissão sexual como principal causa e 96,6% das mulheres contaminadas vivem relação heterossexual (1)

No mundo, a cada minuto, uma mulher é infectada. Fatores biológicos tornam a mulher de duas a quatro vezes mais suscetível ao HIV do que homens

A recomendação é incluir o teste para HIV nos exames de rotina e iniciar o tratamento o quanto antes: quando tratada adequadamente, a aids é uma doença crônica que pode ser controlada


Mulheres acima de 50-55 anos, casadas, heterossexuais, na sua maioria com ensino fundamental incompleto.  Este é o grupo da população brasileira, em que a doença mais tem avançado nos últimos anos, como explica a infectologista Simone Tenore, da UNIFESP (Universidade Federal do Estado de S. Paulo) e do CRT-Aids (Centro de Referência e Treinamento em aids, do Estado de S. Paulo):

“A epidemia da aids não está controlada e vem crescendo entre as mulheres, principalmente entre aquelas acima dos 50-55 anos, que não foram habituadas ao uso de medidas preventivas e que acreditam na fidelidade de seus cônjuges”, afirma.  “Entre estas mulheres, o diagnóstico e o início do tratamento são tardios, pelo estigma e preconceito que a doença ainda pode gerar”.

Em 1990, o Brasil registrava 1 caso de HIV+ em mulheres a cada 15 homens; a partir de 1991-92, houve um crescimento progressivo entre as mulheres, chegando a 2001 com 1 caso a cada 1,7 homens.  Segundo estatísticas globais, as mulheres formam o grupo de mais rápido crescimento da infecção, somando já cerca da metade de todos os casos de aids no mundo (2). 

Nessa faixa etária, a doença é também relacionada à depressão, baixa estima e forte sentimento de culpa – fatores que afastam as mulheres do diagnóstico e do tratamento precoce (2).

“As mulheres mais velhas – assim como as muito jovens – acabam acreditando que a fidelidade é proteção contra a doença e vem descobrir a infecção tardiamente – quando os primeiros sintomas da doença, que surgem geralmente após 10 anos da contaminação.  Estas mulheres acabam deixando a sua própria saúde em último lugar na lista de suas prioridades”.

Mulheres Jovens -  Segundo dados mundiais, a infecção de mulheres entre 15-24 anos é duas vezes o número de homens infectados na mesma faixa etária (2).  No Brasil,  esta é também a faixa etária mais acometida. Das gestantes entre 15-19 anos, 10,8% são HIV+ (1) e a maioria sabe de sua condição depois de ficarem grávidas (4) durante os exames de pré-natal.  Assim como na faixa acima dos 50 anos, a maioria das gestantes infectadas entre 20-29 anos (1) têm ensino fundamental incompleto.

AiIDS no Brasil -  Estimativas brasileiras sugerem que no Brasil existem 718 mil pessoas vivendo com o HIV.  Nos últimos 10 anos,  a infecção por HIV cresceu cerca de 2%, sendo que as maiores taxas de crescimento da doença são registradas nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amazonas e Rio de Janeiro. As regiões Norte e Nordeste respondem pelo maior crescimento de casos, com 92,7% e 62,6% nos últimos 10 anos. É também no Norte e Nordeste, o maior índice de mortalidade por aids nos últimos 10 anos (60% de crescimento  e 33,3% respectivamente).

Até 2013, a aids não era doença de notificação obrigatória no Brasil.

Prevenção -  Ainda não existe vacina contra HIV; a forma mais eficaz  para combater a doença é a prevenção, evitando os chamados comportamentos de risco, como manter relações sexuais sem proteção e compartilhar seringas.  Para informações sobre a doença, medidas preventivas e onde fazer o teste para o HIV, acesse http://www.saude.sp.gov.br/centro-de-referencia-e-treinamento-dstaids-sp/homepage/acesso-rapido/onde-fazer-o-teste-de-hiv-

Um comentário:

Pró-Saúde Tocantins disse...

Infelizmente, ainda muitas pessoas não se conscientizaram da importância do uso de preservativos. Muitos ainda acham que o auge da epidemia se deu nos anos 80 e, pior ainda, que pode-se viver sem problemas tomando os remédios do coquetel. É claro que pode-se viver bem com a doença, mas é muito melhor viver sem ela e, para isso, bastam alguns cuidados que farão toda a diferença.