segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A importância do fracasso!

Diariamente atendo uma parcela considerável de pessoas que sofrem por alguma desilusão, seja ela profissional, amorosa, pessoal ou corriqueira. Em alguns casos, há a associação de um quadro depressivo com a decepção recém-vivida pelo paciente.
Costumo afirmar que estes tipos de situações nos tornam pessoas melhores, não como uma tentativa de recuperação sob a ilusão de um futuro melhor, mas sim porque cada momento de nossas vidas, seja ele positivo ou negativo, pode ser revertido em autoconhecimento e também em aprendizado para outras situações que ainda estão por vir.
Quando passamos por um processo depressivo, um dos pilares do tratamento, além da medicação quando se faz necessária, é a terapia psicoterápica, que auxilia o paciente a lidar com algumas expectativas, comportamentos e pensamentos, provocando a mudança permanente de comportamento, claro que positiva, possibilitando-o a evitar outras situações como as que foram vividas anteriormente.
O ser humano evolui com as dificuldades e, muitas vezes, esta fase é encarada de uma forma mais introspectiva, pois ela requer um "balanço" interno e um momento de maior autoconhecimento.
Certamente não acredito que todos precisem passar por uma depressão para que possam estar mais preparados para as adversidades, mas isso faz com que pensemos um pouco em como preparar os filhos para a vida.
Quando uma criança chora, principalmente quando é muito pequena, é sinal de que algo está desconfortável, pode ser: fome, frio, dor ou qualquer outra sensação desagradável em seu corpo. Isso gera nos pais e responsáveis uma ansiedade em descobrir o que está causando este sofrimento para em seguida fazer algo para acabar com ele.  Isso sem dúvida é algo que deve ser feito, mas será que é tão urgente assim?
Ao cessar o desconforto imediato damos o máximo de conforto, mas também perdemos a chance de deixar a criança lidar com aquele desafio e resolver por si. Com isso, vamos tornando as crianças cada vez mais dependentes e o grande efeito colateral disso é que não é possível evitar o sofrimento para sempre, afinal, os filhos crescem e precisam enfrentar sozinhos o mundo lá de fora.
O exemplo é aplicável para todas as idades. Precisamos enfrentar nossos medos e contornar os fracassos, claro, com o apoio de quem está próximo afetivamente, mas não podemos nos poupar das adversidades do dia a dia.
Pais superprotetores privam os filhos de seus próprios desafios, tornando-os adultos medrosos e vulneráveis a qualquer não que a vida vem lhes dar.
Valem algumas dicas básicas para lidar com situações de risco, como:
- Oriente e não prive;
- Incentive-o a seguir sempre em frente e em busca de objetivos;
- Ajude a levantar dos tombos e a refletir a lição que a situação deixou para o resto da vida;
- Ensine-o que a vida é feita de acertos e erros (ambos são importantes para o crescimento).
Vale refletir, pois estamos preparando as futuras gerações para a vida. Cuidar nem sempre é sinônimo de proteger de todos os tombos e sim ajudar a levantar e prosseguir!
*Doutor Douglas Motta Calderoni é médico psiquiatra, especialista em comportamento humano e sócio-fundador da clínica Sintropia. 


Doutor Douglas Motta Calderoni, médico psiquiátra
divulgação


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